A Fúria dos Ventos: Eldorado do Sul em Ruínas Após Temporal Devastador
- renato cordova
- 1 de abr.
- 2 min de leitura

Eldorado do Sul, RS — O céu escureceu como um presságio. Em minutos, ventos de 100 km/h rugiram como uma fera desencadeada, arrancando telhados, derrubando postes e deixando um rastro de destruição que transformou a cidade em um cenário de caos.
O Dia em que o Paraíso Virou Pesadelo
O temporal que assolou a Região Metropolitana de Porto Alegre na tarde de segunda-feira (31) não poupou Eldorado do Sul. Mais de 260 casas foram destelhadas, famílias inteiras perderam tudo em questão de segundos, e o medo se instalou no coração de quem viu suas vidas serem levadas pelo vento.
Aulas suspensas. Ruas intransitáveis. Postes de energia tombados como soldados em um campo de batalha. A Defesa Civil trabalha contra o tempo, mas o número de vítimas ainda pode aumentar. A Prefeitura avalia decretar situação de emergência — um reconhecimento oficial de que a cidade está à mercê da natureza.
"Só Deu Tempo de Proteger Nossa Bebê Com Nossos Corpos"
Cristiano Marinho, um vendedor de Eldorado do Sul, ainda treme ao lembrar.— "A sensação foi bem desesperadora. Eu, minha esposa e nossa bebê de quatro meses estávamos em casa quando o teto começou a voar. Só deu tempo de a gente cobrir ela com nossos corpos. Se algo caísse... eu não quero nem pensar."
Seus olhos estão vermelhos. Suas mãos, trêmulas. Sua casa, destruída.
Cidade em Frangalhos
Os ventos não escolheram vítimas. Três postos de saúde tiveram suas estruturas comprometidas. 50 árvores foram arrancadas pela raiz. 30 postes de energia tombaram, mergulhando bairros inteiros na escuridão.
Os bairros mais atingidos foram:
- Cidade Verde (ironicamente, agora coberta de destroços). 
- Sol Nascente (onde o sol não nasceu nesta terça). 
- Chácara, Delta do Jacuí e Vila da Paz (onde a paz foi substituída pelo desespero). 
O Caos se Espalha Pelo RS
Eldorado do Sul não está sozinha em seu sofrimento. Nove outros municípios reportaram destruição:
- Bom Retiro do Sul: Árvores gigantes caíram como palitos, arrastando postes e fios de energia. 
- Butiá: Três casas perderam seus telhados, deixando famílias expostas ao céu hostil. 
- Canoas: 256 residências danificadas, 62 árvores derrubadas, 35 escolas atingidas. 
- Porto Alegre: Uma carreta foi arremessada pela força do vento na nova ponte do Guaíba. 
O Que Resta?
Enquanto a Defesa Civil corre para contabilizar os estragos, os moradores de Eldorado do Sul se abrigam em um ginásio improvisado, onde colchões no chão substituem suas camas, e o silêncio pesado só é quebrado pelo choro de crianças assustadas.
A pergunta que paira no ar:"Quando — e como — a vida voltará ao normal?"
Enquanto isso, o vento ainda assobia nas ruas vazias, como um lembrete de que, por mais forte que o homem seja, a natureza sempre terá a última palavra.



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